sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sobre o "Pregnancy Brain"



Como marinheiro de primeira viagem, vários termos ligados a paternidade só entraram no meu dicionario recentemente. Entre vários deles, veio também o titulo desse post. 

O "Pregnancy Brain" (Cérebro de gravidez) - também conhecido como "momnesia" (meu favorito! Algo como "mamãenésia") - é algo que ocorre durante a gravidez (obvio) resultando em uma grande falta de atenção e muitos esquecimentos por parte da futura mamãe. 

Existem varias teorias sobre isso, estudos dizem que o cérebro não sofre alterações durante a gravidez, mas nos todos sabemos o quanto stress, ansiedades, noites mal dormidas e aumento de quantidades de coisas que precisamos gerenciar em nossas vidas podem afetar nossa memória, certo? 

Agora contextualizados, o que isso tem a ver com o pai? Não, ainda não estou falando de “gravidez masculina” (isso definitivamente vai ser assunto pra um outro post!). 

Enfim, ontem eu realizei uma coisa interessante depois de duas atualizações em uma lista de supermercado (diga-se de passagem, depois que eu já tinha saído dele). A Mamãenésia é um teste drive pra nossa paciência. Diria mais! É um exercício necessário para nos preparar para o bebe. 

Por exemplo, no caso do supermercado, em uma situação 'normal', minha resposta seria: - "Agora já era! Já sai daqui e não vou voltar nem com um decreto desse novo Papa gente boa." - Pra ser sincero, eu na hora até respondi: - "Agora é tarde." -  Mas logo em seguida fui abatido por uma culpa avassaladora. Algo que definitivamente eu não sentiria oito meses e meio atrás.

Conclusão, botei o rabo entre as pernas e voltei ao mercado para pegar os novos itens da lista.

Depois disso, eu comecei a refletir e consegui encontrar várias atitudes as quais mudei nos últimos meses. Minha tolerância vem se desenvolvendo. Exatamente como um músculo que você começa a malhar regularmente; No começo doí um pouco, mas depois de um tempo ele crescer e fica mais forte e resistente. 

Aos poucos minha atitude vem mudando também. Quem me conhece bem, sabe o quando eu odeio mudança de planos de ultima hora. Quer dizer, odiava! Porque recentemente eu tenho sido bem mais tolerante em ajustar minha agenda para "last minute requests". Tanto que meu humor não é tão afetado quanto antes. Por alguns segundos vem aquele pensamento negativo mas logo ele se dilui - em parte por resignação, mas - em grande parte também porque eu quero fazer parte disso. Eu quero estar lá para quando as duas precisarem de mim, SEMPRE!

Então comecei a entender o quão importante o tal do "Pregnancy Brain" é para o relacionamento familiar. 

Em verdade, não estou discutindo aqui se vai ser o bastante ou não pra segurar a onda do bebe, até porque só vou saber mesmo depois que a Ingrid nascer. 

Eu só estou tentando deixar aqui uma pista para futuros pais que eventualmente seguirão os meus rastros; Devemos todos exercitar nossa tolerância e paciência e, para tanto, a momnesia pode ser sim um ótimo exercício de pratica para antes do beber chegar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Ditadura Materna



Antes que comecem a atira pedras, quero deixar claro que não tenho nenhum interesse em desqualificar mães pelo mundo a fora, muito antes pelo contrario! Fui criado por mãe,  avó e , minha tia Rute e se hoje sou o que sou, devo a todas as mulheres que participaram da minha educação.

Porém, agora que estou prestes a me tornar pai, tenho visto um quadro muito desconcertante: Não existe espaço para nós no universo perfeito que é ser mãe... 

Sim, pelo menos é o que dizem todos os blogs, livros, textos e até mesmo alguns médicos que eu tenho encontrado nessa minha jornada pré-pai.

É muito claro e explicito na avassaladora maioria das bibliografias pre-natal que o pai é uma figura secundaria. Que a relação entre mãe e filho(a) é unica especial e inigualável, mas pais? Ah, sim! Eles estavam lá na hora da concepção e são obrigados a arcar com todo o trabalho na rotina do bebe junto, mas fora isso mal e mal são dignos de uma nota de rodapé em alguma página obscura.

E aí de você se reclamar! 

Se alguém levanta o dedo pra dizer que a 'relação pai também é importante', vem logo uma mãe reclamar e jogar na sua cara que você não teve que carregar a criança por nove meses na sua barriga, ou que você não tem que amamentar a cria de duas em duas horas...

Mas a verdade é que a gente faz isso tudo sim! 

Passei dez anos da minha vida me preocupando diariamente com a minha parceira. Cuidando dela quando estava doente, amparando-a quando precisava de conselhos ou apenas de um ombro amigo. Então porque isso mudaria durante a gravidez?

Pra mim, é extremamente ofensivo quando alguma mãe solta uma piadinha desse tipo. Porque pode até não ser no meu corpo, mas é em um corpo que eu cuido muito mais do que cuido do meu próprio. E se eu já fazia isso antes, agora que são duas vidinhas eu cuido em dobro!

Nem toda biografia é perdida. Alguns textos de profissionais reforçam a importância da presença paterna na rotina da família. Do quão é importante que a mãe - mesmo que perdidamente apaixonada pela cria - não deixe o pai de fora.

Veja bem, não estou dizendo pra mãe dar atenção para o pai! Não é isso! Mas sim deixar o pai participar dessa relação e mais, ter a sua relação também sem diminui-la como se fosse algo inferior ao que você sente!

Nos vivemos em novos tempos, certos? 

Mulheres conseguiram sua emancipação, queimaram seus sutiãs e hoje conseguiram mudar as duras penas a sociedade machista que vivíamos ha apenas algumas décadas. 

Pois bem, está na hora também de deixarem os pais serem pais. respeitar o  amor que o pais tem por seu filhos, deixar que eles também tenham sua relação única com seus filhos sem diminuir esse sentimento como se ele fosse menor que o seu.

Menosprezar os sentimentos dos pais só vai ajudar a afasta-los e reforçar o circulo vicioso que acontecia antigamente nas famílias.

Quem nunca ouviu histórias de mães reclamando que 'o pai não ajuda', que 'só trabalha', 'só fica na frente da televisão'... Mas, antes de começar a reclamar, reflita; Você alguma vez deixou ele participar?

Mães! Convidem os pais para viver esse amor incondicional JUNTO com vocês! Tirem o "Minha" da frase e mude para "NOSSA relação com NOSSO filho". Afinal, se o pai veio até aqui com você e está disposto a criar a criança ao seu lado, algum mérito ele deve ter. 

Por que deixa-lo de fora agora que você mais precisa dele?

Fica a dica! =)

p.s.: Só pra deixar claro que NADA desse texto tem a ver com a minha Emanuelle Rech. Ela concorda comigo em gênero número e grau.